Objeto do mês, Borralha - julho

A PIRITE

Por estas terras de Barroso, o volfrâmio/tungsténio é rei. É um dos minérios mais abundantes nesta aldeia e nesta mina.
No entanto há uma vasta panóplia de outros minerais que se formam nas entranhas desta terra.
Este mês decidimos
destacar um desses minerais: a pirite (FeS2). A pirite, cujo nome deriva do grego pyríthes (que significa fogo e faz referência à capacidade deste mineral soltar faíscas quando é golpeado com um metal), é um sulfureto de ferro que apresenta um brilho metálico. A sua densidade está entre os 5.0 e os 5.2 e a sua dureza encontra-se entre os 6.0 e os 6.5 da escala de Mohs. Esta cristaliza num sistema cúbico, formando, assim, pequenos cubos amarelados e opacos. Apesar da sua cor ser amarelada, o seu risco, em superfície de cor branca, assume uma tonalidade de preto esverdeado. A pirite trata-se de um sulfureto muito comum e a sua ocorrência dá-se tanto em rochas ígneas, como metamórficas e sedimentares. Quanto à sua utilização este mineral é normalmente usado como minério de enxofre, porém os mais apelativos são usados em peças de joalharia. Por vezes, e devido à cor que apresenta, este mineral acaba por ser confundido com o ouro. Esta confusão, que ocorre com alguma frequência, fez com que a pirite seja conhecida como o “ouro falso” ou o “ouro dos tolos”. Nas Minas da Borralha surgiram, e ainda surgem, algumas histórias de farristas relacionadas com este mineral. Contam que os farristas, astutos e corajosos, de forma a ludibriarem os compradores de volfrâmio instalados por estas terras, “pintavam” com óleo queimado as pedras de pirite para que estas se assemelhassem ao precioso minério extraído destas minas. Se atentarmos na densidade destes dois minerais nota-se alguma diferença, embora em grandes quantidades essa diferença seja menos percetível. Mas como faziam os farristas? Esta é a pergunta que impera. De acordo com alguns registos orais, os farristas vendiam o volfrâmio em sacos de serapilheira. Ora, “pintando” a pirite com óleo queimado, esta assume uma tonalidade negra, assemelhando-se assim ao volfrâmio. No entanto seria arriscado encher o saco todo com este falso volfrâmio. Alguns farristas colocavam essas pedras de pirite por baixo até encher meio saco e o restante era completo com rochas do verdadeiro volfrâmio. Como no topo os sacos continham volfrâmio, esses compradores não desconfiavam e eram, desta feita, enganados, pensando ter comprado uma maior quantidade das preciosas chinas do que na realidade tinham adquirido. Surgem muitas histórias sobre estes tempos da Grande Fárria. Esta é apenas, e de acordo com relatos orais, uma entre os milhares de façanhas levadas a cabo pelos habilidosos farristas. A corrida ao volfrâmio, ao ouro negro, marcou o século XX e foi motor de riqueza para muita gente. Para uns foi a sua alegria, para outros a sua tristeza. A mina fechou e a necessidade de se “pintar” a pirite com o óleo queimado acabou, mas a Fárria, essa continua. Este mês de julho, e como supramencionado, o nosso destaque recai neste interessante mineral: a pirite.