Borralha: objeto do mês | outubro

Todos os meses, no Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha é apresentado o "objeto do mês", que não tem de ser necessarimanete um objeto, mas antes algo de importância para a Borralha.
Neste mês de outubro a escolha recai sobre a "Escola Profissional".

"A educação tornou-se, nestes nossos anos vividos em Liberdade, um bem fundamental e universal. O ensino alargou-se, tornando-se obrigatório até aos 18 anos de idade e transversal, ou seja, este é aberto e disponível a todas as pessoas independentemente do seu estatuo social, da sua classe económica, etc.. Hoje, consideramo-lo essencial, porém, em boa parte do século XX, o ensino era um luxo e apenas acessível a certas franjas da sociedade – às classes mais abastadas. Assim acontecia em quase todos os locais do país que tivessem escola! Quase todos, pois a aldeia das Minas da Borralha foi uma exceção à regra. Por iniciativa do Senhor Pe. João Adelino, da direção e administração da empresa e dos engenheiros e técnicos superiores da mesma – responsáveis pelo leccionação de certas
disciplinas aos seus discentes –, nasce em 6 de outubro de 1956 a Escola Profissional das Minas da Borralha (EPMB) – única entre Braga e Chaves – aberta a todas/os as/os filhas/os dos trabalhadores da mina, aos próprios trabalhadores que quisessem aprender um ofício e a todas/os aquelas/es que se quisessem cultivar intelectualmente. Começam, assim, em 1956, as aulas da EPMB no atual auditório do Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha. Anos mais tarde, confirmado o sucesso da escola e aproveitando o espaço até então destinado para ser o hospital da mina – que não o foi devido ao encerramento da mina em 1958 -, o espaço de lecionação muda. Passa para o espaço supramencionado, sito no Bairro Novo, e aí começa a acolher crianças oriundas de outras aldeias, funcionando, também, com regime de internato feminino e masculino. Com uma forte vertente prática, por razões óbvias, esta Escola tornara-se um sucesso em variadíssimas áreas do saber, em especial no Curso de Técnico/Montador Eletricista e Formação Feminina.
No que toca a números de alunos, no seu período mais alto, e tendo em conta que nessa altura o ensino não era obrigatório, esta escola teve 330 alunos. No seu longo período de existência, esta foi uma escola de excelência que formou largos milhares de alunos com origens muito díspares. Tal como a aldeia, a escola foi um espaço multicultural, um espaço aberto ao saber e aos saberes de cada um, fosse qual fosse o seu local de origem. Os responsáveis pela escola estavam abertos às iniciativas levadas a cabo pelos estudantes, sendo criada a Associação Académica da Escola Profissional das Minas da Borralha, dando ênfase à parte cultural e desportiva, a Rádio da Escola, que funcionava no espaço da biblioteca, entre muitas outras iniciativas que foram surgindo. Com a construção e funcionamento de uma escola pública nas proximidades, esta começou a perder o fulgor – devido ao escasso financiamento que recebia – e nos últimos anos foi perdendo alunos, deixando de abrir turmas em certos anos de escolaridade até que encerra definitivamente no ano de 2012.
Falar desta Escola é falar de muitos sucessos! É falar de uma escola de proximidade, de uma escola de amizades, de um espaço escolar que era muito mais do que isso. Era uma família! Uma família maior, com várias origens e, consequentemente, com várias formas de pensar, mas muito unida e muito orgulhosa em estudar nesta que foi a casa e o lar de milhares de mulheres e de homens que escolheram esta escola na fronteira de Barroso com o Minho. A propósito, também muitas famílias do Minho beneficiaram desta Escola para dar futuro melhor aos seus filhos!
Por toda a sua história, por toda a sua relevância, por toda a sua excelência e por contribuir para a valorização da terra e das suas gentes e de toda a região, neste mês de outubro pretendemos destacar a Escola Profissional das Minas da Borralha, homenageando todas/os aquelas/es que contribuíram para a sua implementação, na sua gestão e aos que a tornaram – docentes, discentes, assistentes administrativos, assistentes operacionais, entre outros - numa Escola de Excelência".

Ficheiros em Anexo: