Borralha: objeto do mês | dezembro

Todos os meses, no Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha é apresentado o "objeto do mês", que não tem de ser necessarimanete um objeto, mas antes algo de importância para a Borralha.
Neste mês de dezembro a escolha recai sobre "Santa Bárbara", com texto do professor João Soares. 

"Santa Bárbara
Não é possível olhar para a vida de Santa Bárbara, sem nos sentirmos profundamente comovidos com o seu apego à Fé e o seu comportamento viril em face das perseguições e da morte. Bárbara pertencia a uma família grega muito rica e ficou órfã de mãe pouco depois de a ter conhecido. Nascida nas margens do Bósforo, era uma menina linda, distinta de maneiras, inteligente, culta e dotada de uma coragem e de uma força de vontade que mais parecia um dos heróis cantados por Homero do que uma débil criatura igual às outras da sua condição e idade. Não era cristã de nascimento, porque Dióscoro, seu pai, odiava a religião de Cristo e nunca teria consentido que alguém falasse à sua filha de tal religião. Na casa de Dióscoro veneravam-se os deuses dos antigos filósofos e poetas: Júpiter, Vénus e Minerva. Bárbara passava os seus longos dias num rico castelo pertencente à família, situado na Bitínia, e só as servas e escravas tinham autorização para se aproximarem dela. A nenhum homem era permitido aproximar-se de Bárbara para a cumprimentar ou lhe falar, por vontade expressa de seu pai. Apesar disso, um desconhecido, aproveitando-se, um dia, da ausência do pai, conseguiu penetrar na morada inacessível e conversar com a prisioneira. A conversa versou sobre temas relacionados com Deus, o espírito e a eternidade. O desconhecido revelou a Bárbara os mistérios da Religião Cristã, falou-lhe de Jesus Nazareno, das Suas promessas e dos Seus seguidores. Quando Orígenes – pois era esse o desconhecido, cheio de coragem e de sabedoria – abandonou a casa, deixou a menina regenerada nas águas do santo Baptismo e consagrada a Deus com o voto de virgindade. Pouco depois regressou o pai, mas ninguém teve a coragem de lhe narrar o que acontecera. Quando, porém, o pai se aproximou dela para os cumprimentos habituais e lhe disse que já era tempo de ir pensando num esposo, Bárbara respondeu-lhe que já tinha escolhido o seu Eleito, que era o mais lindo e nobre de todos os esposos e a quem ninguém se podia comparar...mas que não era desta terra. É fácil imaginar o desdém e a fúria que se apoderou do pai, pagão, quando ouviu confissão tão desempoeirada de fé cristã! Começou, naquele dia, o martírio de Santa Bárbara. O pai, numa reacção desumana, tudo tentou para induzir a filha a abandonar a Fé e a renunciar aos seus propósitos de virgindade, fazendo violência ao seu coração de menina e fazendo apelo aos baixos instintos da sua frágil natureza humana. Mas...tudo foi inútil! Apoderou-se, então, dele grande furor, renovou as suas ameaças, amaldiçoou a filha e a sua fé e rogou pragas à cruz e ao Deus dos cristãos. A sua cólera atingiu o auge. Atirou-se sobre a filha, agarrou-a pelos cabelos e arrastou-a pelas pedras dos caminhos, acabando por encerrá-la na prisão dos escravos. Sujeitou-a, depois, a jejuns e a maus tratos e acabou por denunciá-la ao prefeito Marciano, a fim de que este a tratasse como rebelde e a julgasse segundo os decretos imperiais. Perante o juiz, Bárbara confessou a sua Fé em Cristo, recusou-se a queimar incenso aos ídolos e preferiu o martírio do corpo à perda da sua alma. Arrancaram-lhe as vestes, bateram-lhe com martelos e chegaram-lhe ao corpo archotes de resina incandescentes, enquanto Bárbara, firme na sua Fé, dirigia a Deus as suas preces, pedindo perdão para seus carrascos. E...seria o seu próprio pai a alçar a espada para lhe decepar a cabeça! Mal a cabeça da virgem rola por terra, decepada por um golpe sacrílego vibrado por Dióscoro, rasga os céus um raio fulminante que cai sobre o pai desnaturado, reduzindo-o a cinzas. Eis a razão pela qual os crentes invocam Santa Bárbara, quando as trovoadas se fazem sentir. É, também, invocada como Padroeira celeste dos MINEIROS, dos Artilheiros, dos Engenheiros, dos Marinheiros e dos que trabalham com o fogo, nomeadamente os Pirotécnicos. A cristandade teve sempre uma veneração especial pela Menina grega, desde os princípios do séc. IV. No calendário religioso, Santa Bárbara _ Virgem e Mártir _ é celebrada a 4 de Dezembro."

 

 

Ficheiros em Anexo: