Objeto do mês, Borralha | junho

IGREJA DAS MINAS DA BORRALHA

Junho é o mês do Verão! Celebra-se no dia 21 de junho o solstício desta estação do ano. A estação do calor, do sol, da luz e da claridade. Mas junho, para esta aldeia e para os locais, é muito mais do que o mês do início do Verão. Poder-se-á dizer que é o mês da luz e da claridade num sentido mais poético, mais filosófico, num sentido, até, metafísico. E porquê metafísico? Como diz o Senhor Professor João Soares, “o mineiro é um Homem de Fé” e, nesse sentido, o destaque deste mês de junho recai no maior símbolo de Fé para os milhares de mineiros, e não só, que aqui trabalharam e viveram! O maior símbolo de Fé, pois nela está vertido o suor do sacrifício de milhares de pessoas, que apoiaram, que patrocinaram e que trabalharam arduamente para que a Igreja nesta aldeia mineira fosse uma realidade. A Igreja das Minas da Borralha transporta em si, em todas as peças que a compõem, histórias dentro da sua própria história. Como é possível verificar, a Igreja diferencia-se, largamente, das restantes Igrejas da região e do País. Esta foi desenhada por engenheiros de minas, a sua construção foi patrocinada pela Direção destas minas e foi construída pelos valentes trabalhadores após as suas longas e difíceis 8 horas de trabalho. Mas porquê a construção da Igreja? Em 1954, as Minas da Borralha recebiam, no seu couto mineiro, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Embora a Imagem passasse por várias aldeias, apenas parava nas sedes de concelho - exceção feita às Minas da Borralha, que em 1954 recebeu no seu couto mineiro a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Assim sendo, e como o mineiro é um Homem de Fé, os milhares de trabalhadores solicitaram apoio para a construção de uma Igreja, em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, no local onde o altar tinha sido pousado. As suas preces foram ouvidas e assim, durante dois longos anos, incansáveis e movidos pela Fé, milhares de trabalhadores labutaram na edificação desta Igreja, que acabaria por ser inaugurada no dia 10 de junho de 1956, como noticiado no jornal regional “A Voz de Trás-os-Montes” numa grande reportagem de 2 páginas, no Ano IX, nº425 de 23 de junho de 1956. 1 Foi um dia apoteótico! As celebrações iniciaram de manhã cedo e terminaram noite dentro. Milhares de pessoas estiveram presentes. O autor da notícia, A. Cardoso, destaca a presença do deputado da Nação, Bustorf Silva, do edil local, do Diretor destas minas, do Capelão local, Sr. Pe. João Adelino Alves Ferreira, do Rev.º Dr. Adriano Veiga e do Rev.º Abbé Aussae, Capelão de S. Luís dos Franceses, de Lisboa, bem como a presença de vários engenheiros e de milhares de populares. É possível, através da leitura da notícia, ter uma ideia da importância desta data para todas e todos aqueles que habitavam e trabalhavam nesta aldeia. Nas casas, segundo o autor da notícia, os moradores exibiam nas suas janelas bandeiras portuguesas e francesas, como forma de celebrar este tão aguardado dia. O dia principiou com uma celebração litúrgica, na qual o Orfeão do Seminário de Vila Real foi responsável pelos cânticos eclesiásticos, e posterior benção desta nova Igreja. Findas, estava preparado um enorme banquete, servido pela Confeitaria Vilares, do Porto. Seguiu-se uma sessão cultural, com momentos de teatro e de animação musical, com o Orfeão cantando música popular e clássica. Fizeram-se ouvir os acordes da Marcha de Montalegre, pela 2ª vez, no concelho, que tinha acabado de ser composta, dias antes, pelo Maestro do Orfeão, Pe. Angelo Minhava. Na notícia referida, o autor reserva um pequeno espaço para classificar e apresentar pormenorizadamente a Igreja das Minas da Borralha. Classifica este templo da seguinte forma “ (…) de concepção feliz, sóbrio de linhas, grave e moderno, amplo, de luz discreta mas alegre; sem preocupações de estilo espampanante, o aspecto exterior impressiona bem, e até a torre, de um único sino, exclamativa, imprime sentido de distinção e dignidade ao conjunto.”. Por toda esta história, por toda esta magnificência e de modo a relembrar o espírito combativo, audaz e comunitarista deste povo, o nosso destaque deste mês de junho recai numa das obras mais imponentes e importantes desta aldeia, a sua Igreja. 1 A consulta desta notícia poder ser feita no Arquivo Distrital de Vila Real