Borralha: objeto do mês | novembro

Todos os meses, no Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha é apresentado o "objeto do mês", que não tem de ser necessarimanete um objeto, mas antes algo de importância para a Borralha.
Neste mês de novembro a escolha recai sobre o "Volfrâmio".

"VOLFRÂMIO
Esta terra, hoje conhecida como a aldeia das Minas da Borralha, nasceu e cresceu devido à extração mineira aqui iniciada em 1902.
Até então, era terreno baldio onde os animais pastavam e as pessoas transitavam. A história do Borralha, pastor e moleiro que
buscava uma vida melhor para os lados de Bragança, é conhecida por muitos e, no fundo, deve-se a ele o facto de hoje existir esta
aldeia. Esta mina era rica em vários minerais, mas entre a grande variedade e riqueza de minerais destaca-se um, o
volfrâmio/tungsténio (W). Este mineral, em tempos extremamente procurado e valioso – chegou a ser denominado de “ouro negro”
–, tornou esta terra de pastagem numa das aldeias mais populosas, mais dinâmicas, mais inovadoras e mais prósperas de todo o
Barroso e numa das aldeias mais importantes do nosso País. A história das Minas da Borralha e da extração mineira nesta aldeia
estão intrinsecamente ligadas. Hoje, em 2022, 120 anos após a primeira concessão para a extração de volfrâmio nesta região, não
existiria a aldeia se não se tivesse explorado o volfrâmio nas entranhas deste cantinho do País Barrosão.
O volfrâmio, cujos minérios mais importantes são a volframite e a scheelite, foi um dos minerais mais importantes e mais valiosos
do século XX. Este foi identificado pela primeira vez como novo elemento em 1781 e isolado, também pela primeira vez, em 1783.
No que toca a metais, este é um dos que apresenta um ponto de fusão mais elevado – começa a fundir a uma temperatura de
3422ºC –, e é o segundo entre todos os elementos, sendo apenas superado pelo carbono. A sua densidade é de 19,25 g/cm3 – a
título de curiosidade, a água tem uma densidade de 0,997 g/cm3 – e, apesar da sua fragilidade, é um dos minerais mais duros
encontrados na litosfera. Relativamente à sua dureza, o tungsténio encontra-se nos 7,5 da escala de Mohs. No entanto, o carboneto
de tungsténio (WC), usado especialmente em máquinas industriais, apresenta uma dureza de 9 da mesma escala, sendo apenas
superado pelo diamante.
As 2 guerras mundiais, em especial a 2ª – 1939 a 1945 –, contribuíram para o crescimento da procura e da valorização deste
mineral, pois uma das utilizações que foi encontrada para este mineral foi precisamente a sua aplicação na indústria bélica. A defesa
representava, no ano passado, 8% da utilização deste mineral. Para além desta indústria, o tungsténio é também utilizado na
fabricação de peças para a indústria automóvel e para a indústria aerospacial. Há ferramentas e peças da indústria mineira que
também utilizam o tungsténio devido à sua dureza e resistência. Apesar destas utilizações mais distantes da nossa realidade, este
mineral pode ser encontrado em muitas ferramentas, utensílios e consumíveis do nosso dia-a-dia. O tungsténio é encontrado, por
exemplo, nas pontas das esferográficas, nas brocas de perfuração, nos discos de corte, nos catalisadores e nas lâmpadas
incandescentes.
As jazidas mais importantes deste mineral encontram-se na China, que possuí entre 60% a 70% das reservas mundiais, na Rússia,
na Áustria, em Portugal – nas Minas das Panasqueira e nas Minas da Borralha – e na Espanha.
Neste mês de novembro, o nosso destaque recai no mineral que proporcionou que esta terra de nada e de ninguém se transformasse
na aldeia mais próspera, mais rica e mais procurada de todo o Barroso – o volfrâmio."